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Durante o primeiro encontro do Cinema no Brejo, desenhamos e escrevemos sobre uma cartolina em branco possíveis lugares, memórias, personagens e histórias que desejávamos filmar ao longo do curso. Após alguns minutos, a cartolina transformara-se em um grande mapa, uma espécie de cartografia que abrigava camadas visíveis e invisíveis do imaginário e do território: o causo de uma antiga curandeira que se transformava em lobisomem, um suposto cemitério indígena na mata, um antigo mosteiro abandonado, as longínquas memórias do seu Zé Maria, cachoeiras desconhecidas, aparições alienígenas, igrejas históricas, árvores frondosas, jogos de futebol etc.

 

Nos apropriamos do mapa como um conjunto de pistas que nos apontaram caminhos para as aventuras que vivenciamos juntos, ao longo do curso, com a máquina-cinema. Ora nosso olhar se voltava para movimentos e objetos infra-ordinários, pequenas narrativas do comum, como fotografias familiares, gestos cotidianos dos colegas do curso, micro-dramaturgias da vizinhança, ora se lançava em busca de histórias e fabulações mais distantes, complexas, inusitadas, como as ficcionalizações elaboradas a partir da memória coletiva, do imaginário comum compartilhado, dos desejos de narrar o território a partir da imaginação, da fantasia, do inesperado.

 

A partir da prática de olhar para o entorno através de um olhar inventivo, exercitado ao longo de todo o percurso formativo, foram realizados ao final do curso quatro trabalhos audiovisuais: Caridade, Serra dos ET's, Lavadeiras e Modos de Vida. Nossa turma se dividiu em quatro equipes e, a partir do mapa esboçado no começo do curso e também de outras ideias que foram surgindo nas oficinas, foi decidido coletivamente quatro questões que guiariam suas histórias. Diante das escolhas, escrevemos uma espécie de roteiro para cada trabalho que acolheu também imagens, desenhos, ideias e frases soltas, transformando-se quase que em um mapa-roteiro intuitivo para a filmagem.

 

O resultado foi a realização de quatro filmes que narram recortes de suas comunidades e imaginários de uma forma muito singular e inventiva. Em Caridade, cinco garotos reencenam uma história de suspense e mistério em um mosteiro abandonado na localidade dos Jesuítas. No documentário Serra dos ET's, os entrevistados são moradores que presenciaram, há 10 anos atrás, um caso de aparecimento de OVNI's no Mulungu. Em Lavadeiras, duas garotas reencenam e reavivam uma prática tradicional de lavar roupas no rio. Em Modos de Vida, os cotidianos e rotinas de estudo e de trabalho de jovens da região são entrecruzados pela montagem, fazendo-nos imergir em um pequeno recorte de suas vidas.Apesar de apostarem em abordagens bem diferentes, os quatro filmes experimentam em suas escrituras artifícios singulares para lidar com o real. Todos eles parecem compreender a dificuldade de nos relacionarmos com a realidade e com a memória por uma via direta, por sua simples reprodução. Ao contrário, necessitamos da invenção, da encenação e da imaginação para poder enxergá-la. Para nos aproximarmos de nossas histórias, é preciso também inventar novas histórias. O poder do cinema está justamente aí: toda matéria viva é matéria de invenção.

Serra dos ET's

Curta-metragem - 9:50

Documentário

Em Mulungu (CE), no Maciço de Baturité, as histórias sobre objetos voadores são muito recorrentes. Muita gente jura ter visto luzes estranhas se movendo no céu, em locais e dias diferentes.

Modos de Vida

Curta-metragem - 8:26

Documentário

Fragmentos do cotidiano de jovens da região do Maciço de Baturité.

Lavadeiras

Curta-metragem - 4:25

Ficção

Lis tem um sonho. Ela quer ser exemplo para as outras meninas da comunidade. 

Caridade

Curta-metragem - 8:37

Ficção

Um grupo de amigos decide se aventurar em um antigo mosteiro abandonado no pequeno vilarejo Jesuítas, no Maciço de Baturité (CE).

Curta-metragem - 9:50

Documentário

Em Mulungu (CE), no Maciço de Baturité, as histórias sobre objetos voadores são muito recorrentes. Muita gente jura ter visto luzes estranhas se movendo no céu, em locais e dias diferentes.

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